Comunicação Não Verbal
ao Falar em Público

Falar em público vai muito além das palavras que escolhemos. A forma como nos apresentamos, a nossa postura, os gestos que fazemos e até o nosso olhar comunicam.

A comunicação não verbal ao falar em público desempenha um papel importantíssimo na nossa comunicação e é, portanto, um elemento essencial para cativar, envolver e convencer uma audiência. Saber usá-la a nosso favor pode transformar por completo a eficácia de uma apresentação. Por exemplo, num discurso, devemos usar a nossa voz juntamente com o nosso corpo e as mensagens que este passa.

Para estudarmos a comunicação não verbal ao falar em público, vamos dividi-la em 5 pontos principais: expressão facial, postura, gesticulação, contacto visual e movimentação.

5 pontos principais da Comunicação Não Verbal ao Falar em Público

Para compreendermos melhor o impacto da comunicação não verbal ao falar em público, podemos dividi-la em cinco pontos essenciais. Cada um destes pontos contribui, à sua maneira, para que a mensagem seja entregue de forma clara, confiante e envolvente. Vamos analisá-los em detalhe:

1. Expressão Facial

A expressão facial é algo natural e, conforme os fatores de nervosismo vão sendo quebrados, a nossa cara adequa-se ao nosso discurso.

Não sorrir gera animosidade e transmite arrogância, o que se traduz na probabilidade de não sermos ouvidos.

Queremos criar empatia antes de começarmos a falar para que a plateia preste atenção à nossa apresentação. O momento-chave para estabelecermos esta empatia é assim que entramos em palco: o neurónio-espelho faz, neste caso, com que a audiência nos sorria de volta ou, no mínimo, reconheça a nossa presença. A nossa comunicação não verbal ao falar em público surte efeito e isto faz-nos, enquanto oradores, sentir mais confortáveis.

2. Postura

A primeira mensagem que devemos passar ao chegarmos ao palco é conforto, confiança e mostrar que merecemos ser ouvidos. Esta primeira impressão leva entre 3 a 5 segundos a criar-se. Podemos ser percecionados como ameaçadores ou como amigáveis.

Uma postura amigável prende-se, por exemplo, com termos uma postura expansiva (gesticular na medida certa), manter o queixo para cima (não baixar a cabeça, como se tivéssemos medo) e manter o contacto visual com o público.

Em contrapartida, algumas barreiras que nos fazem ser vistos como ameaça:

  • Posição de fecho (exemplo: braços cruzados): passamos uma postura defensiva. Se estivermos confiantes e confortáveis, não temos necessidade de nos defender.
  • Não movimentação durante a apresentação (quando é possível): a direção do nosso umbigo mostra em que direção temos interesse. Se estivermos virados apenas para uma parte da audiência, a outra parte capta a mensagem de que não são importantes para nós.

A postura também serve para evitar tiques nervosos. A posição inicial do nosso corpo torna-se a posição padrão ao longo da apresentação. Conscientemente, controlamos muito melhor o início da apresentação do que qualquer outra parte – no decorrer, estamos focados apenas naquilo que vamos dizer.

Se começarmos bem, é altamente provável que o nosso corpo se mantenha dessa maneira (exemplo: se colocarmos os pés na linha dos ombros, dificilmente teremos tendência a balançar o corpo).

Queremos a atenção em nós, não no suporte digital, pelo menos não mais do que uns segundos. Quando mudamos o slide da apresentação, queremos que a audiência perceba qual o tópico a discutir, qual a mensagem-chave a reter.

Podemos dar um passo para o lado, reconhecendo o novo tema, e, logo a seguir, devemos regressar ao centro do palco, conquistando novamente a atenção da audiência. Caso faça sentido, e seja possível, podemos aproximar-nos do ecrã para apontarmos para que secção o público deve olhar (exemplo: slide com várias imagens).

Postura em apresentações de grupo

Em apresentações de grupo, é igualmente importante termos atenção à nossa postura. Quando temos um colega no centro do palco a fazer a sua apresentação, devemos manter-nos na parte de trás/lateral do palco com uma postura e uma atitude subtis, não atraindo a atenção para nós – o foco, nesse momento, é o nosso colega.

As pernas devem estar o mais estáveis possível, permitindo-nos respirar fundo. Queremos evitar que os ombros vão para dentro. Assim, garantimos que, na nossa vez de falar, estamos nas condições mais favoráveis.

Se o nosso colega disser algo errado, não devemos, nunca, corrigi-lo. Devemos, sim, aguardar pela nossa vez para podermos compor o que foi dito. Se dissermos alguma coisa por cima do colega, isso irá fazer com que este se sinta mais nervoso e que a sua performance piore, o que, inevitavelmente, irá afetar a performance do grupo como um todo.

3. Gesticulação

Os gestos servem para criar uma imagem daquilo que estamos a falar e acompanham, visualmente, o discurso. Além disso, servem para chamar a atenção para a parte superior do nosso corpo para haver contacto visual e agarrar a audiência.

É muito comum, quando nos sentimos expostos, não sabermos o que fazer com as mãos. Desta forma, devemos procurar a posição certa que favoreça a nossa gesticulação. Por exemplo:

  • Cúpula do poder: somos vistos como mais credíveis.
  • Pousar uma mão sobre a outra, unidas pelas palmas.

Contrariamente, há atos auto-calmantes que demonstram que estamos desconfortáveis e/ou nervosos:

  • Brincar com o anel no dedo;
  • Brincar com o relógio no pulso;
  • Acariciar o peito da mão;
  • Mexer no pescoço (desconforto extremo).

Queremos gesticular principalmente para os lados, ocupando mais espaço no palco e não invadindo a esfera de privacidade do público. Se gesticularmos para a frente e estivermos muito próximo das pessoas, estamos a entrar na esfera pessoal do outro, o que pode ser percecionado como ameaça. Se a primeira fila da audiência nos entender como ameaça, o resto da audiência irá, inevitavelmente, sentir o mesmo.

4. Contacto Visual

O contacto visual serve para criar ligação com a audiência e não há nada que o substitua. No entanto, é natural não nos sentirmos totalmente confortáveis a estabelecer este tipo de contacto com desconhecidos.

Para ultrapassar este problema, devemos dar a perceção de que estamos a olhar para a audiência. Como? Focamo-nos em 3 pontos diferentes ao longo da sala: esquerda, centro e direita. Devemos ainda, iniciar o contacto visual com as filas de trás e ir percorrendo as restantes filas até à da frente.

Dica: Se tiver uma apresentação para a qual se sente especialmente nervoso, recorra à ajuda de 3 colegas/amigos. Pode pedir que cada 1 fique numa posição diferente da plateia (esquerda, centro, direita). Assim, poderá dar a perceção de contacto visual com todos quando, na verdade, irá estar a olhar para alguém da sua confiança, o que o levará a sentir-se mais confortável no seu discurso.

Se estivermos numa situação em que alguém do público não está a prestar atenção, não devemos desistir logo da nossa audiência. Devemos olhar para a pessoa em questão e voltar a olhar para o restante público, não repetindo este processo mais do que uma vez.

Nesse momento, se não tivermos reganhado a atenção da pessoa, devemos focar-nos no resto da plateia. Caso contrário, a nossa prestação irá piorar por estarmos a pôr a nossa atenção só naquele problema.

5. Movimentação

Este ponto vem por último pois, se não tivermos uma boa postura, não gesticurlarmos adequadamente nem mantivermos contacto visual, não iremos conseguir movimentar-nos com segurança.

Sem o domínio dos primeiros 4 pontos, a movimentação acabará por ser excessiva, como forma de compensação, e isso irá sobrepor-se ao nosso discurso, desviando a atenção da audiência.

Há discursos que são feitos atrás de um púlpito, onde a movimentação nem sequer existe. Por isso, temos de ser capazes de fazer discursos parados. Esta é mais uma razão pela qual todos os outros pontos são mais importantes do que a movimentação.

Ou seja, podemos dizer que a movimentação é um bónus da nossa comunicação não verbal ao falar em público. E como é que usamos este bónus de forma adequada? Devemos mover-nos para os lados, com paragens nas extremidades, e não para a parte de trás do palco, movimento que nos afasta da audiência.

Se aplicarmos esta técnica logo nos primeiros 30 segundos da nossa apresentação, a movimentação do nosso corpo vai, subconscientemente, manter-se nessas direções (esquerda e direita) – delimitando a nossa zona de conforto de movimentação.

Andar para trás no palco, pode fazer sentido nas situações em que queremos mostrar algo na tela atrás de nós, por exemplo.

Ser capaz de dominar a comunicação não verbal ao falar em público é tão importante quanto preparar bem o conteúdo da nossa apresentação. Pequenos ajustes na postura, nos gestos ou no contacto visual podem fazer uma grande diferença na forma como somos recebidos pelo público.

Ao praticarmos estes cinco pontos-chave, aumentamos a nossa presença em palco, transmitimos segurança e conseguimos criar uma ligação mais forte com quem nos ouve.

Como vimos, a comunicação não verbal é uma parte fundamental da nossa comunicação, mas captar e manter a atenção do público depende, também, da estrutura da nossa apresentação e da forma como interagimos com o público. Descubra no nosso artigo Maiores Erros ao Falar em Público quais os erros mais comuns e o que devemos evitar quando fazemos um discurso.

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